Podcast #004 – Dieta Para para Reverter Esteatose, Diabetes, e Melhorar a Saúde do Coração, com Dr. Marcelo Cardoso

Hoje o convidado para o podcast Batata Assando foi o excelentíssimo Dr. Marcelo Cardoso.

Trouxe ele para falarmos de saúde como um todo, com ênfase para saúde cardiovascular.

De toda forma, fica aqui de antemão minhas boas vindas pra você: seja bem vindo(a) ao podcast Batata Assando.

Se você já estava acostumado(a) a curtir meus conteúdos no Youtube, Instagram, ou mesmo aqui no blog, fique sabendo que eu também tenho meu podcast, disponíveis nas principais plataformas do mercado.

Esse episódio de hoje ficou demais, e eu espero que você aprenda com ele tanto quanto eu aprendi.

O Dr. Marcelo tem uma presença ótima nas redes sociais, e é bastante recomendado que você o siga em: @marcelocardoso_med

Lembrando que se você quiser encontrar a transcrição de todos os episódios já publicados do meu podcast, basta vir aqui.

Gravação do Episódio Ao vivo

Todos os episódios do podcasts Batata Assando são gravados ao vivo como forma de live no meu perfil no Instagram, que é @batata.assando.

Dessa forma, é importante que você me siga e ative as notificações de postagens do perfil caso queira acompanhar as gravações, fazer perguntas e interagir ao vivo comigo e com o convidado em questão.

Lembrando que eu adoraria saber se você tem alguma sugestão de convidado que gostaria de ver aqui no podcast!

Sobrepeso, Colesterol, Diabetes, Esteatose… Low Carb ajuda nisso tudo?

Ninguém melhor para falar destes temas complexos do que o excelente Dr. Marcelo Cardoso, especialista em alimentação, saúde e longevidade.

Nosso papo foi sensacional, e inclusive eu li alguns valores do meu exame pessoal para saber o parecer do Marcelo sobre minha saúde. Será que estou bem?

E não para por aí, ouvindo o episódio de hoje até o final você vai aprender sobre:

  • como se alimentar para emagrecer com saúde,
  • se existe “gordinho saudável”,
  • o melhor tipo de alimentação para reversão do diabetes tipo 2,
  • como curar gordura no fígado sem remédios,
  • quando se preocupar com os níveis de colesterol,
  • a evolução da medicina,
  • como fugir de profissionais desatualizados,
  • quanta proteína comer para ter boa saúde,
  • e muito mais!

O bate papo ficou realmente incrível, e eu espero que você aprenda tanto quanto eu neste podcast.

Ouça também nas plataformas: iTunes | Google Podcasts | Spotify

Pedro: fala pessoal, boa tarde! Tudo certo? Sejam muito bem vindos aqui a live. Hoje, vou receber um convidado bastante especial que é o Dr. Marcelo.

A gente estava há bastante tempo para fazer essa live e também gravar o podcast. Como vocês já estão se acostumando, tudo que é gravado aqui ao vivo no Instagram vira podcast.

Hoje, finalmente eu consegui a presença do Dr. Marcelo. Estamos tentando há bastante tempo marcar.

O mais engraçado é que a gente tinha combinado às 11h, mas eu estava tão cheio de tarefa e com a cabeça tão avoada que eu acabei divulgando às 14h porque a última live que eu fiz com a Denise do “Low Carb BR” foi às 14h do sábado e eu acabei me confundindo. Ainda bem que o Dr. Marcelo conseguiu se adaptar e hoje a gente vai conseguir fazer às 14, se não acabar sendo adiado novamente. 

Dr. Marcelo: fala cara, legal demais. Eu estava rindo aqui de tu explicando que se atrapalhou nos horários, mas tudo bem. Quando acontece um imprevisto desses, eu sempre gosto de chamar a atenção que a gente tem que se sobressair bem nos imprevistos também, não pode contar que tudo dê certo sempre.

Então não é porque uma coisa deu errado que a gente vai se desmotivar. É um prazer para mim estar aqui. 

Pedro: o prazer é meu ter a sua presença aqui, principalmente pela sua disponibilidade no sábado porque às vezes depois de uma semana de trabalho a gente quer mais descansar. Muito legal você ter se disponibilizado para estar aqui.

Avisando mais uma vez para o pessoal, essa conversa que a gente vai ter aqui vai ser gravada e disponibilizada depois como podcast. Eles estão no 

  • Spotify,
  • Itunes,
  • Google podcast,
  • em várias plataformas.

Esse vai ser acho que o quarto episódio que eu irei publicar e espero que seja legal. Bom, aproveitando esse gancho, eu achei interessante o que você falou da gente ter jogo de cintura, porque nem tudo vai sair como planejado, assim como a nossa alimentação.

É legal ter o conhecimento certo para conseguir mesmo nos imprevistos se alimentar bem, ou pelo menos mais ou menos bem, dentro do que a gente tem à disposição.

Dr. Marcelo: com certeza. Uma coisa que é um treinamento que vale a pena é a gente conseguir se sobressair bem nas dificuldades. É uma coisa que já de começo as pessoas tem que aprender é que o sucesso está na dificuldade e não na facilidade.

A nossa live nem é sobre isso, mas quem vai começar o processo de emagrecimento, vai entrar pra low carb, tem que já preparar não para aquele lugar em que tudo é tranquilo, tem que se preparar para quando der um problema. Então a nossa live teve um probleminha de horário, e o que nós iremos fazer? Vamos dar o nosso melhor, vamos conseguir.

Mas antes de começar e tirar aqueles dúvidas que você vai me trazer para a gente discutir, eu queria primeiramente elogiar seu trabalho e te agradecer porque você cumpre um papel muito importante. Eu acompanho o seu trabalho há bastante tempo como eu te falei nos bastidores e queria te agradecer pela oportunidade de eu não precisar fazer isso que tu faz.

Porque hoje eu atendo pessoas no consultório que me perguntam se eu não vou passar um cardápio, uma receita, um livro de receitas e eu digo não, porque meu trabalho é bioquímico, hormonal, comportamental. Eu explico como tudo funciona, mas se você precisar de ajuda, tem lá o “Batata Assando”. Às vezes eu forneço algum material gratuito seu. Vai lá e consome o material gratuito e pago do Pedro, participa dos grupos, entra em contato.

Quer ter facilidade no dia a dia? Bom, eu não preciso te ensinar isso, o Batata Assando vai te ensinar. Porque low carb a gente não pode confiar em tudo. A gente vê receitas low carb baseadas em farinha de aveia, coisas de altos carboidratos. Então, às vezes uns livros de receitas, uns ebooks, no mundo low carb são uma armadilha.

E nesse mundo Pedro tem pessoas que parecem que estão brincando mesmo. Então eu te agradeço por poder te referenciar, porque dá para confiar, é um cara do bem que está fazendo um trabalho legal.

Pedro: muito obrigado. É legal tudo isso que você falou porque também às vezes eu entro em conflito e as pessoas falam pra mim que eu não sou nem médico.

Já tem quase três anos que eu estou na faculdade de nutrição e isso está diminuindo um pouco, mas as pessoas tem muito isso de achar que o meu papel aqui é substituir uma consulta, ou achar que eu estou querendo fazer esse tipo de coisa e é o que você falou agora, a minha ideia é complementar o trabalho de muitos profissionais.

Até porque se a pessoa vai em um profissional desatualizado que manda fazer dieta de pão integral com aveia, essa pessoa não vai nem chegar no meu conteúdo. Então a minha ideia não é disputar com ninguém. 

Dr. Marcelo: Nesse nosso momento que a gente está vivendo de criar uma cultura toda nova, mudar o paradigma, não é questão profissional, é questão de vivência pessoal. Alguns profissionais têm também a vivência pessoal. Por exemplo, quando eu aprendi todas essas coisas eu pratiquei low carb, fiz jejum, mudei o modo de treinamento físico e a gente acaba se envolvendo.

Mas o que pesa mesmo é a vivência pessoal e nem tanto a vivência profissional. Por que onde é que você aprende sobre low carb e jejum intermitente em um ambiente acadêmico? Hoje em dia está começando, mas cobrar que seja um profissional para falar de low carb e jejum e estilo de vida não faz sentido porque isso vem da experimentação pessoal, da vivência, quando a pessoa está envolvida. 

Pedro: pois é. Isso que você falou de viver na pele e acompanhar a pessoa também, porque eu faço, minha família faz e eu tenho clientes há alguns anos que fazem. Eu faço esse acompanhamento que hoje em dia chama de coaching, eu chamo de Mentoria Batata Assando.

Mas é mais ou menos isso, é um acompanhamento onde eu faço um tipo de orientação low carb geral e é legal acompanhar os resultados porque a gente vai pegando essa experiência que você falou. Vai entendendo que não é uma matemática em que 2+2=4. Exatamente por isso que os temas que a gente vai falar hoje são coisas que eu estava estudando bastante nos últimos dias até por conta do meu trabalho, mas eu acho que você vai poder explicar muito melhor pra todo mundo que está assistindo a gente e também para quem vai ouvir o nosso podcast.

Dr. Marcelo: Eu estava me lembrando que é realmente uma honra e um prazer vir aqui e esclarecer essa outra parte que é a parte mais técnica. Porque no mundo low carb e jejum você tem pouco acesso. Então é um prazer para mim. 

Pedro: eu tinha mais alguma coisa para falar mas me fugiu da cabeça agora, não sei se você tem mais alguma coisa para pontuar ou se a gente já pode iniciar os assuntos.

Dr. Marcelo: Vamos começar por aquelas duvidas porque ai a gente já começa a trazer conteúdo. 

Colesterol Total: Não se Deixe Enganar

Pedro: Então, eu coloquei três tópicos  mas eu acho que vai surgindo assunto conforme a gente vai falando deles. Bom, o primeiro tópico é algo que me surgiu essa semana é basicamente era uma cliente que ela acabou tendo colesterol muito elevado depois de começar a fazer uma dieta cetogênica e o que aconteceu é que ela estava comendo bastante gordura.

Ela chegou querendo abaixar o colesterol, ela já estava no peso adequado, ela já tinha uma alimentação mais ou menos boa. Inclusive, talvez ela esteja assistindo a gente. E bom, ela ficou com bastante dúvida nesse ponto do colesterol e uma coisa que eu falei pra ela que talvez ela esteja comendo um exagero de gordura mas eu não acho que o foco dela seja apenas diminuir o colesterol total porque ele em si não diz muita coisa pra gente.

O que você tem a dizer pra gente tanto sobre o exagero de gorduras na dieta quanto sobre o número de colesterol total maior que o padrão?

Dr. Marcelo: esse universo tem bastante informação escondida, Pedro. São muitas opiniões que se formaram por conclusões precipitadas… tem bastante coisa legal para falar disso. Uma primeira coisa legal que eu gosto de falar quando o assunto é esse é que uma coisa que todos nós que lidamos com pessoas a gente tem que ter em mente: a individualização.

Tem pessoas que consomem uma dieta cetogênica, e erram absurdamente no consumo de gorduras. Eles consomem as carnes mais gordas e um excesso de lácteos. E o que acontece? Nada. Tem pessoas que fazem abusos evidentes, que a gente até pode perceber que nem perdem tanto peso por conta desse excesso de gordura.

Aprenda mais sobre os erros comuns na dieta low carb.

Muita caloria, muita gordura, mas está em cetose, e o perfil lipídico não altera, fica normal. O normal do colesterol não é o normal que se achava antigamente.

O normal do colesterol é um valor aproximado que é geneticamente determinado entre mais ou menos:

  • De 160 a 250.

Olha a amplitude do que se pode ser considerado normal. 170 é normal Marcelo? 

É, assim como 210 também é normal.

Isso me faz lembrar do meu começo na profissão médica quando eu estava começando a atender, há 12 anos, quando um paciente trouxe um exame de colesterol de 198, estava bom mas estava meio alto.

Se trouxesse um exame com 204, aí já não podia, se passou de 200 era muito alto.

Pedro, olha que legal, na verdade 170, 180, 190, 210 ou 220, é tudo a mesma coisa. É o mesmo universo.

Então dentro desse universo amplo e variado, o que nos interessa? A proporção entre as frações do perfil lipídico.

Quanto é o HDL, quando é o LDL, principalmente como estão os triglicerídeos. 

O que é um colesterol saudável?

Então o que a gente busca? Como é que é um perfil lipídico confiável para não gerar estresse?

Um valor dentro desse universo amplo de 160 a 250 em que se tenha um HDL alto, um HDL bom de 60 a 90, com um triglicerídeo baixo em torno de 60 a 100.

Se nesse contexto, tudo ok e a pessoa está tendo uma alimentação saudável, o que importa onde se encontra nesse universo?

O que nos assusta então? O que nos assusta é quando a pessoa tem um HDL baixo e um triglicerídeo alto, em qualquer zona desse universo.

Vamos dizer assim, a pessoa está com um colesterol 200 de total, mas tem 25 de HDL, 180 de triglicerídeos, isso é péssimo. É melhor ter 260 de total com 100 de HDL e 60 de triglicerídeos, isso é muito melhor.

Mas aí o que eu quero te dizer, Pedro, que é uma informação muito importante, é que tem pessoas que se comportam do mesmo jeito, com abuso, e não ficam normal.

O colesterol chega a 300, 400, 500, 600 ou mais.

A primeira pulga que a gente tem que ter atrás da orelha é:

por que algumas pessoas respondem de um jeito ao colesterol, e outras pessoas respondem de outro?

Isso mesmo antes mesmo de falar o que importa pra saúde é o que não importa.

Porque quando a gente vê que algumas pessoas respondem de um jeito e as outras de outro jeito, a gente já tem uma primeira inferência disso: essas pessoas são diferentes.

Eu até posso dizer que não sei o que significa isso, mas sei que as pessoas são diferentes. Porque a partir daqui é que a gente vai buscar a individualização a partir do contexto.

Colesterol subir é perigoso pra saúde?

Definitivamente não.

Essa é uma grande coisa que mudou desde a década de 70 e 80 quando a gente achava que o colesterol tinha um papel causal na doença cardiovascular.

Se o colesterol subir, vai fazer uma lesão nas coronárias e a pessoa vai infartar. Isso é uma inverdade, uma incorreção, está errado. Hoje, a gente usa essa variação de colesterol para individualização de estratégias, seja lá qual for, medicamentosas, comportamentais, exercício físico ou alimentação.

Subir o colesterol no low carb é normal porque a gente antes da low carb se alimentava muito mal.

A gente comia gordura de menos, ficava devendo muito em proteína. Fugia das gorduras, não consumia boas gorduras.

Então acabou que a gente tinha aquele perfil lipídico sofrível, um HDL lá embaixo e um triglicerídeo lá em cima, um monte de carboidrato e nada de gordura ou gorduras ruins, tudo inflamado.

Quando a gente começa a fazer low carb, melhora. E o colesterol subir um pouco é ótimo, ainda bem que isso acontece.

Pedro: isso que você falou é legal e eu estou até com o meu exame aqui que eu fiz faz uns dois ou três meses. Eu tenho tendência desde sempre a ter colesterol alto. Para você ter uma ideia, a minha primeira estatina me passaram quando eu tinha sete anos.

Então eu sempre tive o colesterol um pouquinho mais elevado. Aí nessa época meus pais já não achavam muito normal eu tomar remédio para colesterol nessa idade então a gente foi procurar outras opiniões e acabou que eu fiquei sem tomar, só tomei um ou dois meses e nunca mais tomei. 

Mas eu to aqui com meus exames e meu colesterol total deu 319 com 97 de HDL e triglicerídeos de 29 eu acho.

Como abaixar os triglicerídeos naturalmente.

Dr. Marcelo: um cara que tem 29 de triglicerídeos tem necessariamente insulina e glicose no chão. O triglicerídeo tem uma relação direta com insulina e glicose no sangue. Para a gente ter o triglicérides alto, não é gordura que faz isso.

O que faz o triglicerídeo subir é ter glicose alta com insulina alta.

A mensagem pro fígado produzir triglicérides chega para o fígado a partir de uma presença abundante de glicose com insulina alta e isso manda o fígado sintetizar triglicerídeo, aí vai ter triglicérides alto independente da quantidade de gordura.

A quantidade de triglicérides no sangue vem da quantidade de carboidrato, da presença de glicose e insulina alta no sangue. Então um cara que tem 29 de triglicerídeo, esse cara necessariamente tem uma tendência a ter um mínimo de glicose circulante e uma insulina baixa, o que leva a cetose nutricional. A cetose em alguns indivíduos faz com que o colesterol suba.

Agora, a indicação de chamar a atenção é quando o colesterol era muito baixo, por exemplo menor que 160 e foi para 310. Essa dúvida nos faz pensar na adequação ou inadequação da cetose para o indivíduo. Não sei se eu vou te largar uma bomba nuclear no colo Pedro, mas a cetose e eu adoro a cetose, ela não é para todo mundo. Olha que louco cara.

Eu sou um dos caras que por exemplo, hoje eu provavelmente estou em cetose, eu estou fazendo uma frequência alimentar bem baixa, eu tenho comido uma ou duas vezes por dia e tenho feito uma quantidade alimentar bem low carb, tenho uma vida ativa. Então provavelmente eu estou em cetose, talvez sim ou não.

Mas o que importa é que não consigo saber olhando nenhum exame meu, a não ser claro, exame de urina ou dosagem de cetonas. Não consegue saber se eu estou em cetose ou não porque eu respondo muito bem. Meu colesterol está ótimo, igual como sempre, se eu comer mais carboidrato ou menos ele quase não altera. Se eu estou em cetose ou não, eu não sou um grande respondedor.

Quando o colesterol sobe demais, é um indício, uma indicação, que talvez não seja um grande cara para viver em cetose. Para entrar em cetose, todo ser humano tem o arcabouço genético e metabólico para entrar em cetose e responder bem a ela.

Mas se manter cetose realmente não é todo mundo que responde bem. Tem um outro exame que a gente consegue ver também se a pessoas responde bem a cetose ou não, que é a questão do ácido úrico. O ácido úrico é uma molécula mal interpretada, porque é vista como muito ruim.

Esse ácido na verdade é uma molécula antioxidante. O corpo produz quando está detoxificando o organismo, tem uma função anti inflamatória e antioxidante. O ácido úrico compete com os corpos cetônicos em algumas pessoas pela excreção na urina.

Então, tem pessoas que em cetose o ácido úrico dispara. Quando eu entro em cetose, não acontece nada. É isso está no final da história quando pensamos que nós somos diferentes por linhagens evolutivas. Têm pessoas que respondem muito bem com a presença de bons carboidratos e emagrecem com bons carboidratos, como raízes e frutas.

A glicose não sobe, a insulina não sobe, o triglicerídeo fica bom e a pessoa perde peso. E outras, com um pouquinho de carboidrato, o peso já não abaixa, o triglicerídeo sobe e começa a ficar difícil perder peso.

O que se tira de tudo isso que eu falei até agora?

Algumas pessoas ficam melhores com um pouquinho de carboidrato entrando e saindo em cetose e outras que saem melhor tirando bem mais carboidrato, ou vivendo bem mais em cetose. Então eu sou um cara que consegue viver bem em uma dieta bem carnívora, very low carb, com  gorduras abundantes.

Ah eu vou fazer exercício, quero um aporte calórico maior e posso abusar das gorduras, não tem problema. Agora, eu Marcelo, se consumo bons carboidratos, meu peso já para , eu já ganhei uma barriguinha, minha glicose sobe e os triglicerídeos estouram.

Eu não vou entrar nesse assunto porque é uma viagem muito louca, mas tem a ver com a latitude da linhagem evolutiva da família da pessoa. Se os ancestrais da pessoa são mais de linhas equatoriais, mais zonas onde a incidência solar é maior, onde tem mais vegetais, mais raízes, mais frutas, tubérculos, essa pessoa tende a responder melhor a uma quantidade maior de carboidratos.

Agora os descendentes das pessoas que estão mais próximas das regiões tropicais, onde tem menor incidência solar, essas pessoas precisaram evoluir com algumas adaptações para a presença de carboidrato mais sazonal, mais limitada. Eu suspeito então, Pedro, que tu é o contrário de mim.

Pedro: olha, o pior é que essa parte comportamental que você falou de comer carne e gordura e se sentir bem, eu sou bastante assim. Por outro lado, se eu também como um pouco mais de carboidrato, eu me sinto mais inchado, mas o meu colesterol está nessa faixa de 320 é nunca foi menos de 280. 

Dr. Marcelo: isso que é fundamental entender. 

Pedro: é o comparativo.

Dr. Marcelo: eu tenho de colesterol total em torno de 165, só que de HDL eu tenho 88 e de triglicerídeo 40.

É incrível, eu nunca vou ter o seu colesterol de 300 e tu nunca vai ter o meu colesterol de cento e poucos. O que isso significa? Nada, não significa nada.

Significa só que nós somos diferentes e que a gente tem linhagens genéticas diferentes. Quem é que tem maior risco de doença cardiovascular? Nenhum entre nós dois.

O que Aumenta as Chances de ter Doenças Cardiovasculares?

  • Tabagismo,
  • obesidade,
  • diabetes,
  • sedentarismo,
  • privação de sono ou sono ruim,
  • exposição a produtos que geram inflamação crônica como glúten, ou alguns conservantes e realçadores de sabor.

O que aumenta o risco de doença vascular é o estilo de vida, não é se o colesterol é maior ou menor geneticamente determinado. Nós não vamos ser iguais nunca e eu não tenho que te transformar igual a mim  te dando estatina e nem tenho que tentar subir o meu colesterol.

As gorduras que mais aumentam o colesterol são os lácteos integrais e óleo de coco de maneira natural, saudável e sem problema nenhum.

“Ah porque eu tenho o colesterol muito baixo e quero ser igual o Pedro, eu vou comer mais lácteos integrais e óleo de coco?”

Não, eu vou seguir a minha rotina alimentar e o Pedro a dele, nós somos diferentes e tá tudo bem.

Pedro: o legal disso que você falou é que tem 10 dias que eu estava lendo uma revisão sistemática que estava fazendo um resumão de low carb para pessoas com diabetes tipo 2. Um dos pontos que estava sendo estudado era o colesterol total.

Eram estudos com 5 mil pessoas, bem longo, bem feito, e a conclusão foi que, de maneira geral, fazer low carb não mexeu no perfil lipídico das pessoas, não aumenta  colesterol total das pessoas.

Quando eu mandei no grupo, o pessoal falou que o deles aumentou. É o que você falou, na média das pessoas não mexeu muito, não aumentou nada considerável para o estudo, mas não quer dizer que individualmente todo mundo ficou com o colesterol igual.

Por exemplo, a maioria das pessoas respondeu como você e algumas pessoas responderam como eu. Na maioria dos casos pode ser que não aconteça, mas não quer dizer que não tenha exceção.

Dr. Marcelo: mas eu acho que é isso que a gente tem que chamar a atenção. A gente não combinou, mas ficou muito legal o nosso caso. Você nunca vai ter um colesterol que vai ser igual ao meu e vice versa.

O meu, quando eu comecei low carb já até chegou a abaixar porque eu era muito doente. Eu tive sobrepeso, diabetes, cheguei na low carb bem ruim. Então meu colesterol até baixou quando eu comecei low carb, porque respeitou minha genética.

Ele estava mais alto porque eu estava inflamado. Então eu tenho um colesterol que se regulou em resposta a low carb.

O que chama a atenção então? A pessoa que tem um colesterol mais baixo e aumenta desproporcionalmente.

Por exemplo, se eu começo agora low carb, com colesterol total de 160 e vou para 390, eu não posso afirmar que está tão adequado para mim quanto para ti fazer low carb, eu não posso afirmar isso, porque eu tive um aumento desproporcional. Aí a gente vai ver a questão do ácido úrico, da sensação de bem estar, outros hormônios mais complexos que regulam o metabolismo.

A pessoa está em cetose e não responde bem. Eu como médico, estudo metabolismo do Pedro e percebo que ele responde melhor e os exames melhoram sem estar em cetose, eu não posso indicar da mesma forma que eu indico para um outro cara que quando entra em cetose fica tudo normal.

Cetose é legal para todo mundo, mas é como a Maíra Soliani fala do jejum: o jejum é bom para todo mundo, mas a dose é individual. 

Cetose é boa para todo mundo, mas a dose da cetose também é individualizada. 

Pedro: Nesse ponto, ainda bem que eu estou me consultando com a Dra Janaina, ela tem noção e falou que estava ótimo. Mas com certeza se eu fosse um médico tradicional no plano de saúde eu ia sair de lá com uma receita.

Dr. Marcelo: como você vai conseguir convencer um médico que não estudou isso a não te dar estatina?

Porque a questão não é considerar que você é um hiper respondedor porque você não é, você está no seu padrão normal e aquele aumento é esperado de quem comia menos gordura e passou a comer mais, uma pessoa que estava devendo proteína e agora está comendo uma quantidade densa nutricionalmente, e considerado bem dentro do seu padrão.

O hiper respondedor ao colesterol é aquele que sai de um padrão para outro padrão em resposta a uma abordagem. Ai essa pessoa deve ser organizada de maneira mais individualizada. 

Pedro: uma curiosidade é que antes da gente ir para o próximo assunto, isso que você falou das zonas, da terra e tal, também tem a questão da lactose. Tem gente que lida bem com leite, tem gente que lida mal. Os mais nórdicos tendem a lidar bem com o leite porque eles consumiram bastante isso no passado histórico recente, 1500 anos atrás.

Enquanto que populações orientais que não tinham costume e nem precisavam consumir leite e laticínios, acabam sendo até hoje bem mais intolerantes à lactose e caseína do que os nórdicos. Então fica aí como curiosidade para quem está ouvindo a gente agora. 

Dr. Marcelo: A localidade do desenvolvimento da linhagem evolutiva é muito importante. O médico nunca deu muita bola para isso, agora que a gente tá começando a aprender um pouco mais sobre isso.

Eu vi que uma seguidora colocou aqui sobre o LDL  e como saber se ele está bom ou ruim. Isso pode ser dosado, alguns laboratórios dosam o LDL oxidado, mas o que a gente faz normalmente é uma inferência indireta fazendo uma relação entre triglicerídeos e hdl e essa relação idealmente deve ser menor do que 2, ou seja, a gente tem que ter no máximo o dobro de triglicérides do que HDL.

Se tem 40 de hdl, tem que ter no máximo 80 de triglicerídeos. Na low carb a gente tem uma inversão disso, a gente começa a ter mais HDL do que triglicerídeo e a relação é menor que 1. 

Pedro: O que eu ia falar que a minha aqui é 98 dividido por 38, aliás o contrário, que dá 0,3.

Dr. Marcelo: quando eu comecei a estudar isso, eu aprendi que tinha que ser menor do que 3. Menor do que 2 em uma pessoa comum que não faz low carb e não cuida da saúde, é difícil chegar em 2. Porque as pessoas que se alimentam mal têm os triglicerídeos altos, então essa relação sempre dá 2, 3 ou 4.

Outros exames que mostram isso são a dosagem de apolipoproteínas A e B. Quando a gente tem um LDL mais oxidado ou uma tendência à aterogenicidade que é produzir placas de ateroma, a apolipoproteína B é mais alta e a A é mais baixa.

E marcadores inflamatórios no geral, como PCR, ferritina, fibrinogênio, são coisas que vão dizer que nosso corpo está oxidado, que está ruim, daí a gente olha para o LDL com outros olhos. Se a gente olha que está tudo bem, apolipoproteína A alta, apolipoproteína B baixa ou lipoproteína A baixa também com marcadores inflamatórios todos normais, triglicerideos baixo e HDL alto, não importa valor do LDL.

Pedro: essa sua última frase foi perfeita, acho que elucidou muito, resumiu tudo que a gente falou agora. A gente estava falando bastante de triglicerídeos e eu queria saber se esse número tem alguma relação com fígado gordo ou esteatose hepática?

Como reverter esteatose hepática e triglicerídeos altos?

Dr. Marcelo: total. A gente tem que ter uma clareza nesse assunto. O triglicerídeo está dentro de uma linha de rodas bioquímicas que fazem uma união da síndrome metabólica.

O triglicerídeo alto no sangue, a gordura no fígado, a glicose alta no sangue, a insulina alta no sangue e a obesidade, elas são faces diferentes do mesmo fenômeno acontecendo em momentos diferentes ou no mesmo momento.

O triglicerídeo era glicose no sangue, se a gente pegar a história da vida da molécula de triglicerídeo, aqueles carbonos que vão formar as cadeias de cada ácido graxo do triglicerídeo, a grande maioria daqueles carbonos eles vieram da glicose, carboidrato, como farinha, açúcar.

Ou até mesmo podem vir de bons carboidratos quando a insulina está muito alta e a pessoa tem resistência à insulina.

Nessas pessoas, o fígado pega esse excesso de glicose e ele tem que tirar do sangue porque a glicose é altamente oxidativa, ela oxida tecidos, ela acaba com a retina, com os rins, com o endotélio vascular. Isso é o diabetes, a glicose alta oxidando tecido.

Então, tem alguns mecanismos de retirada dessa glicose do sangue, o principal deles é tirar do sangue e colocar em algum órgão alvo, principalmente fígado e músculos. O fígado faz isso transformando a glicose em glicogênio. O glicogênio é um polímero de glicose que fica armazenado no fígado e nos músculos. Só que a gente consegue armazenar bem pouquinho, em torno de 100 a 400g, dependendo da massa muscular.

Só que isso é muito pouco e depois continua aquele excesso de glicose no corpo e o fígado tem que fazer alguma coisa e ele transforma em triglicerídeo. E aí começa a armazenar agora de uma maneira infinita, porque o glicogênio é finito, entre 100 e 400 gramas no corpo inteiro. A gordura é infinita, o corpo consegue ficar tirando glicose do sangue e transformando em gordura até uma pessoa pesar 300 ou 400 kg.

Quando é transportado via LDL, ou VLDL, do fígado para os tecidos periféricos, a pessoa vai engordando. Quando não consegue dar vazão e isso começa a acumular dentro do fígado, aí tem a esteatose hepática. A esteatose hepática, a obesidade, o diabetes e a resistência à insulina são tudo a mesma coisa, em momentos diferentes.

Pedro: eu sempre falo isso para as pessoas porque muitas têm medo de fazer low carb por consumir um pouco mais de gordura e me falam que já tem gordura no fígado então não querem comer mais gordura. No pensamento leigo até faz sentido pensar que acumula gordura porque come gordura.

É até difícil tirar isso da cabeça das pessoas e é legal também para gente ver como tudo está integrado:

  • resistência à insulina,
  • triglicerídeos elevados,
  • e fígado gordo.

Tudo isso pode ser resolvido diminuindo simplesmente a ingestão de glicose.

Você falou dos carboidratos bons, as pessoas não entendem que também não importa se você está comendo sorvete ou banana, vai gerar glicose no seu organismo.

Se você está em uma condição de precisar inverter a resistência à insulina, o ideal é evitar, comer menos, tentar comer pouco, dar preferência para os alimentos que são baixos em glicose. 

Marcelo: esse é um ponto muito polêmico quando a gente conversa e examina um paciente com obesidade e/ou diabetes e/ou esteatose hepática. Agora, para aquele contexto metabólico, qualquer glicose é glicose. Agora, o contexto de “saudável” muda um pouco, porque quando a pessoa é adulta, saudável, jovem, magra, ativa fisicamente, vai consumir frutas e raízes com todos os exames normais, ela pode consumir com liberdade.

Então o conceito de saudável para ela é diferente daquela outra pessoa que está com o sistema da saúde todo empacado. Nesse caso, qualquer glicose que entrar no sistema é glicose, não faz diferença.

Faz diferença em um contexto mais amplo, depende do estilo de vida, de densidade nutricional, de comportamento. A glicose ultraprocessada é diferente da glicose natural. A glicose ultraprocessada tem uma absorção rápida, com uma resposta metabólica muito ruim.

Só que a glicose celular também vai impactar. Hoje a gente sabe que é muito mais importante a quantidade de glicose que entra dentro de uma pessoa do que até mesmo a própria velocidade. A carga glicêmica é mais importante que o índice glicêmico, então essa pessoa precisa diminuir a carga glicêmica.

Mas Marcelo, eu tenho que evitar arroz e feijão, batata e banana? Não é comida?

Eu te entendo e faz assim, emagrece, deixa o fígado bem magrinho, triglicerídeo baixo, HDL alto, ganha músculo se sente bem e aí qual vai ser o problema de comer uma fruta? Não vai ter problema nenhum, mas agora tem. São momentos diferentes.

Pedro: excelente isso que você falou. Com certeza não foi a banana que deixou a pessoa com esteatose hepática. Uma pessoa que tem esteatose hepática, obesidade, síndrome metabólica comendo sorvete, pão e batata frita, vai talvez se beneficiar de ficar um tempo sem comer arroz, feijão, batata e banana.

É uma alimentação terapêutica para tentar reverter os excessos feitos no passado. Não é algo proibitivo para sempre.

Marcelo: isso é uma frase que a gente tem que repetir eternamente, devia tatuar na testa. Ninguém engordou por comer banana, batata doce, cenoura, mandioca. Ninguém engordou por comer grãos que tem uma adequação biológica questionável.

É questionável dizer que grãos são tão saudáveis quanto as raízes. As pessoas engordam por conta:

  • da quantidade de alimentos ultraprocessados,
  • farináceos,
  • açúcares,
  • álcool,
  • gorduras ruins.

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Então realmente, a gente não está restringindo os alimentos como culpados, é que agora eles cumprem o papel de perpetuar a doença que eles não criaram.

Esse período de low carb, jejum intermitente, exercício mais intenso são as medicações mais eficientes que se tem. Não tem nenhum remédio na medicina que tenha a capacidade de se aproximar da potência deles para os pacientes que têm resistência à insulina, síndrome metabólica, gordura no fígado, obesidade, triglicerídeos aumentados. Os remédios tentam, mas não conseguem.

Inclusive, eu já expliquei como reverter o diabetes tipo 2 por meio da dieta low carb anteriormente.

Eu digo que existem quatro coisas que resolvem a síndrome metabólica, o triglicerídeos altos, a obesidade. A quarta e última coisa é a otimização medicamentosa em resposta às alterações bioquímicas que o paciente apresenta. Se vai usar metformina ou não, se vai usar pioglitazona ou não, se vai usar alopurinol ou não, isso aqui é a quarta coisa.

A terceira coisa é o exercício físico que é muito superior à medicação. A pessoa que se exercita consegue reverter a resistência à insulina no músculo como nenhum outro remédio consegue fazer. O exercício físico muda a expressão genética do músculo, aumentando a produção de transportadores de glicose.

Então, por mais que se melhore a medicação, o exercício físico já é mais potente. Agora não adianta se matar no exercício físico se você está botando um monte de glicose para dentro. As dietas low carbs são mais potentes do que qualquer outra coisa, e depois qual será que é a primeira coisa?

Pedro: jejum?

Marcelo: parar de comer o tempo inteiro, dar tempo para as células queimarem. Dar tempo para o corpo gerar essa roda. Existe uma esteira metabólica em que:

a glicose alta no sangue> insulina alta> necessidade de retirar aquilo> produzir glicogênio> encher as reservas de glicogênio> começa a tirar glicose e transforma em triglicerideo> produz cadeias de ácido graxo> monta em triglicerideo> fica no fígado> manda para a barriga. 

Daqui a pouco, não está entrando mais nada ou frequência alimentar baixa, quando entra não entra glicose, o exercício físico está queimando a glicose do músculo e o que precisa acontecer?

Precisa inverter a roda, precisa começar a trazer mais gordura de onde foi armazenado> quebrar essa gordura> pegar o glicerol e transformar em glicose para manter o corpo funcionando> pegar essa gordura e quebra em moléculas de três carbonos e mandar para a mitocôndria para produzir energia> que é a lipólise, a beta oxidação e a gliconeogênese. É essa a saída da obesidade, da diabetes, da síndrome metabólica quando a gente inverte a roda. São quatro passos fundamentais. 

Pedro: é o que a gente sempre fala, o organismo humano mesmo não entendendo o passo a passo metabólico de cada uma dessas coisinhas, a gente vê que é uma roda que fecha, faz sentido de um lado e de outro. O corpo funciona mesmo como uma máquina complexa

Marcelo: é perfeito, maravilhoso. Eu vi que tem uma seguidora sua que comentou que alguém tinha os triglicerídeos em 700. Esses dias eu resolvi um paciente que tomou remédio de triglicerídeos na vida inteira e eu na primeira consulta tirei o remédio do triglicerídeo e dei outras duas medicações que não mexem no triglicerídeos, mas que mexem na glicose e na insulina, e ensinei esses passos da frequência alimentar baixa, low carb. Mas doutor, eu não vou estar tomando remédio?

Foi por isso que eu te procurei. Eu falei para fazer e realizar exame 45 dias depois. O que passa na minha cabeça é essa roda, onde é o problema? Se o problema não é a síntese do triglicerídeo em si, eu tenho que esquecer e ir para o outro passo. Dito e feito, de maneira incrível para o paciente, ele voltou dizendo que nunca teve triglicérides tão baixo e não estava tomando remédio para isso. Bem vindo ao mundo novo.

Pedro: A Silvia inclusive está aqui com a gente, ela também começou o meu grupo de mentoria tem 2 semanas e antes de começar o médico tinha diminuído o remédio de diabetes dela. Então, casou direitinho a low carb com a redução do remédio. Ela não está tendo hipoglicemia que ela teria provavelmente se ela continuasse tomando o remédio e eu acho que ela já perdeu 7,5 kg e vai reverter o diabetes tipo 2 em questão de tempo.

É sensacional a gente ver isso funcionando na prática e como é bom ver as pessoas se livrando dos medicamentos e aprendendo uma forma correta de comer para emagrecer e recuperar a saúde, é sensacional isso. Olha pessoal que está vendo a gente, se vocês tiverem algumas dúvidas a hora é agora, a gente tem mais pelo menos uns 10 minutinhos aqui. Se quiser enriquecer a nossa live fica à vontade. Mas se você tiver mais alguma coisa para pontuar, o doutor Marcelo pode mandar para a gente.

Curando o Diabetes tipo 2 Por meio da Alimentação

Marcelo: Estava lembrando aqui que esse conhecimento mais amplo, hoje é mágico, uma primeira consulta eventual de uma pessoa com diabetes ou com gordura no fígado e o médico consegue olhando nos exames quem tem mais chance de reverter o diabetes tipo 2.

É aí quando a gente olha em uma primeira consulta e pergunta há quanto tempo tem diabetes e a pessoa responde que há pelo menos 20 anos, você acredita que em meio ano você pode deixar de ser diabetico? As pessoas acreditam, mas não apostam comigo. Vou te entregar um pouco dos bastidores Pedro. Para mim fica muito fácil quando eu olho no exame glicose 230, hemoglobina glicada 11 e Triglicerideo 390.

O normal da hemoglobina glicada é em torno de 5. Só que aí a gente dosa insulina do paciente, insulina em jejum, insulina depois que se alimenta. E o que magicamente a gente consegue descobrir? Quanto que o pâncreas daquela pessoa ainda está funcionando. A insulina normal de uma pessoa magra, saudável, é em torno de 2 a 8 em jejum. Como é a insulina da maioria das pessoas obesas e diabéticas? É 32. Então, a gente quando está saudável, o pâncreas basta produzir 4, 5 ou 6 de insulina e a glicose fica normal.

Algumas pessoas a gente olha o exame que a insulina está baixa, em torno de 2, 3 ou 4 mas a glicose está gigante. Tem outras que a insulina está gigante e a gente vê que o pâncreas está ali trabalhando, mas não está dando conta. Pode estar tudo errado, mas se a insulina está alta, o pâncreas está funcionando e produzindo mais insulina. Nesses casos, eu digo que dá pra reverter. Não é melhorar, é reverter o quadro, significa controlar a glicose em 89 e 90 a com estilo de vida e sem tomar nenhum remédio. Porque nesse caso eu vejo que o pâncreas está funcionando

Pedro: o pâncreas ainda não desistiu.

Marcelo: não. O triglicérides está alto porque a glicose está alta ou porque a insulina está alta? Eu olho essa roda e vejo que dá para arrumar. A pessoa está muito ruim há 20 anos, mas lá dentro está tudo certo, só está tendo sobrecarga. Às vezes eu erro para o bem, esse é um ponto interessante para os nossos seguidores saberem.

Eu olho em um exame e a insulina esta baixa e eu não gosto, poxa esta com a glicose alta, triglicerido alto, esta obeso e a insulina esta baixa. 

“Poxa, o pâncreas está parando de funcionar, chegamos tarde demais, não vai dar certo.”

Então melhora mais a questão da medicação e aí volta em outro exame e o pâncreas voltou a funcionar. A gente diz que aquelas células estavam em nocaute, elas estavam vivas, mas desenvolveram um grau de resistência à insulina no próprio pâncreas. A célula parou de responder, não funciona mais.

Quando a gente começa a exigir menos dela com menos carboidrato e queimando aquela glicose toda, começa a ter um estímulo para produção maior de insulina, aquela insulina começa a abaixar o feedback negativo, aquela célula liga de novo e começa a produzir insulina. Ai aquela pessoa que eu achei que ia perder e ia acabar tendo que usar insulina, ela melhora, desinflama, emagrece, o pâncreas volta e vive uma vida inteira. 

Isso é magnífico. Eu acho que tu tem o mesmo prazer que eu porque eu percebo, mas eu vou te dizer que eu há pelo menos 10 anos eu não trabalho porque eu me divirto, eu amo quando eu vejo isso, isso não é trabalho para mim. 

Pedro: É verdade, é sensacional ver as pessoas recuperando a saúde. E não só isso, algumas informações estão erradas são passadas por tanto tempo que essas pessoas nem sabiam que isso era possível, elas já tinham entregado os pontos.

Aí quando chega uma informação dessas de que a prática é até simples, é simples comer carne com salada e ovos, não é nada de outro mundo e resolve os problemas, por mais que possa ser difícil mudar a rotina alimentar. Mas é fato que é simples, barato, acessível e literalmente salva vidas. 

Marcelo: quando eu trago um problema para o paciente, como você tem que ter uma rotina alimentar mais saudável, alimentos naturais, processamento mínimo, uma carninha e uma saladinha. Eles falam que queriam alguma coisa diferente.

Cara, se quer uma coisa diferente, vai no Batata Assando, organiza a rotina e faz adaptações, de vez em quando faz uma rotina alimentar mais simples minimamente processada e depois vai lá pra descobrir pratos e receitas, compra o livro dele.

Assim a gente vai levando.

Ácido Úrico Elevado com Dieta Carnívora?

Pedro: com certeza, muito bacana. A gente já está dando uma hora aqui, eu também não quero me alongar muito tanto para não te prender aqui quanto porque eu também tenho outras coisinhas para fazer, mas surgiu a uma pergunta legal aqui que é uma pessoa que diz que está fazendo dieta carnívora, não bebe bebida alcoólica e o ácido úrico está elevado. 

Isso tem relação com o que você falou lá atrás?

Marcelo: eu vi essa pergunta e eu ia te pedir para respondê-la antes da gente acabar aqui porque essa pergunta é muito importante porque ácido úrico 6,9 não é elevado. Nós seres humanos somos diferentes, nós que nos alimentamos de comida natural com processamento mínimo, low carb, fazemos jejum, fazemos exercício físico, por incrível que pareça nós somos diferentes das pessoas que não se cuidam.

Para nós, alguns valores estão discrepantes para quem não se cuida e para nós são normais. Por exemplo, a ureia em quem faz carnívora ou low carb ou que comia menos proteína e passou a comer mais, a ureia pode dar um pouco mais alta. O que é ureia normal para paciente comum? de 28 a 35. Para nós, quando comemos mais proteína, é normal que a proteína seja mais alta, em torno de 43 e 45.

O que isso importa? Nada.

Importa que estamos se alimentando com densidade nutricional, com mais proteína. O ácido úrico é a  mesma coisa, ele estar alto é em torno de 9, 10, 11 e 12, não é 6,9. 6,9 é normal. Então nem está alto, respondendo a pergunta.

Para se encaixar naquele universo que eu falei de ver se carnívora é para você, se cetose é para você, seria um ácido úrico de 10. Pode seguir porque ácido úrico 6,9 é normal.

Pedro: o meu está em 6,4.

Marcelo: normal, nem é alto. 

Pedro: o Dr. José Neto tem uma frase de que o ácido úrico está acima de 6 ou de 5,5 e faz low carb, então “bem vindo ao time”. 

Marcelo: eu hoje quando vejo um paciente que volta para a consulta e o ácido úrico subiu e a ureia subiu de 35 para 42, eu gosto. Porque o exame alterou um pouquinho e significa que está consumindo proteína de maneira adequada. A população não consome proteína de maneira adequada, eu não quero ter ureia de 28 eu quero ter de 42.

Pedro: ótima resposta, ótimo tema para a gente finalizar a nossa live. Foi muito enriquecedor para mim e eu imagino que quem está assistindo foi mais ainda, ainda mais quem está começando agora a reduzir carboidratos e comer comida de verdade. Às vezes daqui três ou quatro meses vai fazer um exame e ver algumas diferenças, algumas alterações. 

Eu acho que agora está todo mundo com consciência da importância de fazer low carb para reverter alguns problemas de saúde quanto de saber que algumas alterações no exame não são nada de outro mundo, muitas delas são positivas. Antes, eu gostaria de falar para todo mundo que veio para nessa live por minha causa para seguir o doutor Marcelo e o contrário também, quem veio parar aqui por conta dele, vão ser muito bem vindos no meu perfil.

Antes de finalizar, lembrando que essa conversa vai ser disponibilizada no Spotify daqui mais ou menos umas 3 semanas porque eu vou editar e transcrever para quem prefere ler já que vai ser publicada no meu blog. Vai ser disponibilizado para vocês estudarem e ouvirem várias vezes essa conversa.

Queria agradecer ao Dr. Marcelo tanto por disponibilizar este sábado à tarde para falar desses assuntos com a gente, para mim foi o maior prazer, foi muito legal aprender todas essas coisas, foi um grande prazer ter a sua presença aqui no podcast.

Marcelo: já te falei no começo, para mim foi uma retribuição para o quanto que tu já me ajudou e ajudou meus pacientes e seguidores. Eu fico à disposição. Uma hora eu te levo lá no meu perfil para a gente falar das variações do cardápio da low carb e vamos trabalhando porque estamos todos no mesmo time. 

Pedro: legal, valeu. O pessoal perguntou o nome do podcast, é só procurar Batata Assando no Spotify, Itunes ou no Google podcasts. No meu blog você encontra em todas as plataformas que ele está disponível. Então é isso pessoal, um prazer encontrar todos vocês, ótimo final de semana. 

Marcelo: tchau tchau.

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